segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A PEDRA CÚBICA NA MAÇONARIA

PEDRA BRUTA ou TOSCA.
1 - A pedra bruta dos maçons corresponde à matéria-prima dos hermetistas. Simboliza a personalidade rude do Aprendiz, cujas arestas ele aplana, e que lhe cabe disciplinar, educar e subordinar à sua vontade. É a imagem alegórica do profano antes de ser instruído nos mistérios maçônicos, e como tal, figura em terceiro lugar entre os objetos emblemáticos que devem estar sempre representados no quadro ou painel do 1º grau. Nos templos simbólicos se coloca perto e à esquerda da coluna B, junto com um cinzel e malho tosco, e no Rito Francês, junto à coluna J. A tarefa do Aprendiz consiste em trabalhar e estudar para adquirir o conhecimento do simbolismo do seu grau e da respectiva interpretação filosófica.

Designa-se este trabalho como desbastar a pedra bruta até torná-la um cubo, ainda que imperfeito, Assim, tão logo haja o candidato recebido a primeira luz e o Orador completado a sua instrução, o Venerável dispõe que o neófito entre em cheio em atividade, começando pela verificação do seu primeiro trabalho.

Acompanha-o então o irmão Experto, ou o Mestre de Cerimônias, até a pedra bruta, e entregando-lhe um malho, ensina-o a dar os três golpes misteriosos com os quais deverá chamar no futuro nas portas dos templos, e cujo significado lhe vai explicando: "Pedi e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á" (Mat. 7:7). Mas também, se o neófito claudicar em seus esforços ou sinceridade, terá o inverso: "Pedis, e não recebereis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites" (Tiago 4:3).
2 - Nas reuniões da mesa da Maçonaria Azul, ao pão se denomina pedra bruta ou tosca.

PEDRA CÚBICA.
1 - Se a tarefa do Aprendiz foi "desbastar" a pedra bruta com o malho e o cinzel e ajuda da régua, a tarefa do Companheiro será "poli-la" com o auxílio do esquadro, nível e prumo, para torná-la cúbica, pois desde tempos imemoriais o cubo perfeito simbolizou os setes angelicais, a alma de configuração emotiva harmoniosa.

O Aprendiz disciplinou o descontrolado corpo físico com a energia de sua vontade; o Companheiro disciplinará as suas emoções, o veiculo emocional, através do conhecimento bem medido, equilibrado e correto, aprendendo a "geometrizar", a imprimir curvas e nuances delicados e suaves em seu "psique", em sua natureza emocional.

Assim fará de seu eu um "cubo perfeito", apto a ser empregado na ereção do templo constituído por uma humanidade o mais possível perfeita.
2 - Entre os emblemas representados no painel, nos templos se acha colocada :
a) no Rito Escocês Antigo e Aceito, à direita e junto da coluna J∴ e debaixo da Abóbada Sagrada do grau 14;
b) no Rito Moderno Francês, à direita e junto da coluna R∴.
3 - Entre os Eleitos dos Nove, no Rito Escocês Antigo e Aceito, representa a parte da ágata quadrangular, em que Salomão mandou esculpir as palavras da Arte Real.

PEDRA CÚBICA PIRAMIDAL ou PUNTIAGUDA.
É um cubo com uma pirâmide superposta, cujo simbolismo se acrescenta ao primeiro. Com outras novas superfícies, reúne em si a perfeição do cubo e a ascensão harmônica da pirâmide de base quadrangular.

Abrindo o cubo e a pirâmide, estendendo seus braços e superpondo os da segunda aos do primeiro, obtém-se a união das duas cruzes com duplo símbolo da matéria e força, forma e vida, Natureza e Divindade; a primeira formada pelos cinco quadrados ou superfícies inferiores do cubo, e a segunda, pelos quatro triângulos da pirâmide.

A cruz engendrada do cubo, de braços quadriláteros, é a da natureza física, que comumente se admite como decomponível em cinco elementos: terra, ar, fogo e éter; e a derivada da pirâmide, de braços triangulares ou ternários emanando de um ponto central (o vértice da pirâmide), é a cruz filosófica ou espiritual (a cruz de Malta), expressão tetrágona da Trina Divindade "crucificada" na matéria, para, por Seu "sacrifício", dominá-la, espiritualizá-la e convertê-la num perfeito veículo da Vida Divina, o Espírito.
Por ser um dos emblemas mais sugestivos e fundamentais da Maçonaria, convém fazer aqui uma descrição sucinta dessa pedra e seu simbolismo.


I. Uma de suas faces laterais, a esquerda, se acha dividida em 100 casinhas que contêm os hieróglifos e as letras alfabéticas que os representam e lhes correspondem. Em sua parte superior se encontram os níveis para significar que é a instrução o que iguala os homens, e não a sua posição social.

II. A segunda face, a anterior ou fachada, contém 81 casinhas ou quadrado de 9. Nelas estão as letras componentes das palavras misteriosas dos graus simbólicos, do 1º ao 15º grau do Sistema Escocês professado pelo Grande Oriente da França. As 16 casinhas triangulares na face triangular superior ocupam um grande triângulo, o Delta, emblema da Divindade, representado no Oriente da Loja sob o dossel que cobre o trono do Venerável, com os caracteres hebraicos do inefável nome do G∴ A∴ D∴ U∴, e o Tetragramaton IHVH que Salomão esculpiu no precioso Delta consagrado à Sabedoria. Os dois querubins que figuram nos lados do triângulo são os referidos no Antigo Testamento como os guardiões da glória e sabedoria divinas. (Êxodo 25:20.)

III. A terceira face, a direita, contém os sinais numéricos dos antigos, contidos na chave egípcia composta de um quadrado perfeito dividido em oito partes triangulares por duas linhas perpendiculares entre si e duas diagonais de ângulo a ângulo. Contém ainda quatro círculos concêntricos e os quatro quadrados representando as quatro regiões conhecidas na Antigüidade (a terra, o mundo astral, o céu inferior e o céu superior); os quatro pontos cardeais e as quatro estações do ano. Em cima está o Triângulo, símbolo do Supremo Arquiteto do Universo, decorado com os instrumentos primitivos empregados no estudo das matemáticas.

IV. A quarta face, a posterior, contém um grande círculo dividido em 350 graus, que o sol percorre cada vinte e quatro horas. Inscritos nesse círculo estão três triângulos formando 27 casinhas contendo todos os princípios conhecidos. No triângulo ao alto se vêem os símbolos astrológicos dos sete planetas da antigüidade: Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno; sobre os dois lados desse triângulo se notam os instrumentos dos antigos cultos ou sacrifícios, e na sua base estão os dois semicírculos representando a dualidade básica do universo: a Dívíndade e a Natureza.

V. Na quinta face, a superior, brilha a Estrela Flamígera, o símbolo máximo da Divindade, exposto nos três primeiros graus. Ocupa a parte mais elevada da pedra cúbica, porque é das alturas, do zênite da glória, que o Supremo Arquiteto governa e ilumina os Seus Universos.

PEDRA DE FUNDAÇÃO.
É o símbolo mais importante do grau do Real Arco, e que se não deve confundir com outros símbolos de pedra, como, por exemplo, a pedra angular e a chave do arco ou aduela. Antes de tudo, este símbolo deve ser aceito como puramente alegórico, pois sua interpretação literal daria lugar a "absurdos e puerilidades". Como diz o Dr. Mackey, isto "não ocorreria se tomasse a Pedra de Fundação tal qual ela o é realmente: um mito filosófico que encerra um belo e profundo simbolismo.

Lida desta maneira - como se devem ler todas as lendas maçônicas - a história mística da Pedra de Fundação se nos revela como um dos mais importantes e sugestivos símbolos da Maçonaria". (Wilmshurst, The Symbolism of Freemasonry, p. 283.) Referem as lendas talmúdicas haver Enoque construído no monte Mariah um templo subterrâneo, que constava de nove abóbadas ou subterrâneos, colocados uns abaixo dos outros, os quais se intercomunicavam por aberturas deixadas em cada abóbada. Na abóbada inferior depositou uma pedra cúbica, chamada depois Pedra de Fundação, sobre a qual se havia inscrito o inefável nome de Deus.

Depois construiu uma porta de pedra, com um anel de ferro, e colocou-a sobre a abertura do primeiro arco, cobrindo-a de modo que não se pudesse descobri-la. Com o dilúvio universal, os homens esqueceram o lugar onde se achava o templo subterrâneo, mas quando Davi mandou escavar para assentar os cimentos do Templo, descobriu no mais profundo da escavação a pedra em que estava gravado o nome de Deus, e logo colocou essa pedra no Santuário.

Era uma concepção favorita entre os talmudistas que Davi assentara os cimentos sobre os quais Salomão edificou seu templo. A tradição maçônica ë idêntica à talmúdica, exceto que afirma haver sido Salomão e não Davi o descobridor da pedra. Uma interpretação filosófica dessa lenda é que o templo subterrâneo simboliza nossa personalidade mortal, limitada por camadas (abóbadas) de imperfeições, porém transponíveis ou vencíveis pela vontade humana.

A pedra cúbica depositada em seu interior é a Alma, o Ego, relicário das potencialidades divinas (Nome Inefável ou Verbo, a Palavra Perdida), e por um esforço introspectivo pode o homem mergulhar até o fundo de seu interior, reencontrar o seu Eu divino, e depois, por um esforço extrovertido, retornar ao mundo, pois descobriu a Palavra Perdida, a mais divina de seu próprio Ser, do qual jamais se separará, e "passeará" entre os homens iluminando-os.

PEDRA DOS AUSPÍCIOS
Pedra consagrada, que se colocava nos alicerces dos templos erigidos em Roma, costume esse ainda adotado na edificação dos seus templos.

PEDRA FILOSOFAL
1 - Também denominado "pó de projeção", é o Magnum Opus (Obra-Prima) dos alquimistas, objetivo que devem alcançar a todo custo; uma substância que, segundo eles, tem a virtude de transmutar em ouro puro os mais vis metais.
2 - Mìsticamente simboliza a transmutação da natureza animal e inferior do homem na natureza divina e mais elevada.

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