quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pessoa e Crowley encontraram-se no dia 23 de Setembro

Em Setembro de 1930, Aleister Crowley chega inesperadamente à cidade de Lisboa, com o pretexto de conhecer Fernando Pessoa, com quem se corresponde há algum tempo, em torno dos interesses comuns em astrologia e esoterismo. É o poeta que o recebe no Cais da Rocha do Conde de Óbidos. Pouco mais se sabe, com segurança, sobre o que se passou entre eles. Crowley, conhecido por muitos como a Besta 666, é uma das figuras mais enigmáticas do seu tempo. Expulso de Itália por Mussolini, sobre ele recaem as acusações de culto ao demónio e práticas de magia negra. Dias depois da sua chegada a Lisboa, o mágico ocultista vai a Sintra jogar uma misteriosa partida de xadrez e desaparece nos penhascos da Boca do Inferno, deixando atrás de si uma críptica nota de suicídio. A imprensa agita-se com o seu desaparecimento e as informações contraditórias que surgem a propósito. Cresce a especulação em torno do envolvimento de Pessoa na suposta encenação macabra.

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Significado de "Loja"

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O termo provém do germânico: leubja (pronúncia: lóibja) e do frâncico: laubja, através do francês: loge e designa o pavimento térreo de um prédio, a casa comercial estabelecida em loja e, também, uma corporação maçónica e o local onde ela realiza reuniões. Originada nas Guildas medievais, a palavra leubja significava, na antiga língua germânica, lar, casa, abrigo; e acabou dando origem a termos de sentido eventualmente diferente, em outros idiomas: lodge, em inglês, loge, em francês, loggia, em italiano, logia, em castelhano. Em português, a palavra Loja provém do frâncico (idioma dos antigos francos) laubja, através do francês loge e designa, além da Loja maçónica. o pavimento térreo de um prédio, ou o estabelecimento comercial.


Em francês, todavia, loge significa choça, cubículo, camarote, camarim e loja maçónica (o estabelecimento comercial é "boutique"). Em italiano, o termo loggia passou a designar a entrada de edifício, ou galeria usada para exposições artísticas, para venda de produtos artesanais, ou como pátio, varanda, alpendre, além de Loja maçónica. Em inglês, o termo lodge significa cabana, furna, toca, choupana e loja maçónica (o estabelecimento comercial é "magazine"). Portanto, nem todas essas palavras designam casas comerciais, mas todas designam a corporação maçónica e o local de suas reuniões.

O termo surgiu, pela primeira vez, em 1292, num documento de uma Guilda, organização medieval de ofício.
As guildas de mercadores adoptaram a palavra, para designar os seus locais de depósito e de venda dos produtos manufacturados, enquanto as guildas artesanais a usaram, para designar os seus locais de trabalho, ou seja, as oficinas dos artesãos. Destas últimas, originou-se o nome dos locais de reuniões maçónicas e da corporação.

A Bula “In Eminenti” do Papa Clemente XII

A Bula “In Eminenti” assinada pelo Papa Clemente XII em 1738, foi na verdade uma articulação daqueles que estavam à sua volta, sob o comando do Cardeal Néri Corsini, sobrinho, assessor e braço direito de Clemente XII.

O Papa nessa época estava muito doente, quase não saia da cama (sofria de artrose severa que praticamente o impedia de sair da cama, que os médicos da época chamavam de “gota” e tinha também uma érnia, que por vezes lhe saíam as vísceras, precisava sempre andar com ligaduras para mantê-las no lugar), e completamente cego.... Tudo o que ele assinava, tomava conhecimento através do que lhe era falado.

Depois do conteúdo de qualquer documento ser explanado e, ele estando de acordo, seu assessor, o Cardeal Corsini, orientava sua mão na parte do documento que deveria ser assinada. Sinteticamente, como a maioria de nós já sabe, a Bula diz que quem frequentar Ordens Iniciáticas Secretas (inclui-se aí a Maçonaria) será excomungado.

Vamos narrar alguns fatos históricos importantes para entendermos porque e como ela foi elaborada.

A Igreja Romana preocupava-se especificamente com um oficial Inglês chamado Barão Stosch, pois para a época ele era um revolucionário que pregava ideais de liberdade que colocavam em risco o poder da Igreja, além disso falava aos quatro ventos que era um “Liberi Muratori” (Free-Mason - Franco-Maçom) e membro de uma Loja Maçônica em Florença, como a Igreja já tinha conhecimento de que na Ordem havia um “grande segredo” que não poderia ser revelado, esse foi um motivo muito grande para colocar a Ordem na mira do poder da Igreja.

Vale um esclarecimento, a maioria esmagadora das Lojas Maçónicas Européias do séc XVII e XVIII formam fundadas por Ingleses, Irlandeses e Escoceses, das mais variadas áreas profissionais.

É bom reforçar, todas elas tinham Ingleses, Irlandeses e Escoceses em seus quadros, que para a Igreja Católica eram considerados hereges.

Ocorre que nem na própria Maçonaria, em Florença, o Barão Stosch era bem quisto. Mas, como ele era amicíssimo e mantinha um óptimo relacionamento com Sua Majestade o Rei da Inglaterra, ninguém tinha coragem de propor sua saída da Ordem e de Florença e, apesar da Igreja pressionar o Grão-Duque da Toscana a expulsar o mencionado oficial, ele demora a executar essa ordem, pois também não queria criar um problema sério com o Rei da Inglaterra.

Os Membros do Clero que estavam assessorando o Papa estavam de olho nele e na Maçonaria de algumas cidades Italianas, (Florença, Veneza, Pisa) e era contra elas que estavam preparando uma “punição”. Mas, por sua (da maçonaria) dita “universalidade”, o Vaticano acabou estendendo essa “punição” para toda a instituição européia continental, a coisa deixaria de ser pessoal e passaria a ser contra a instituição. Mais ou menos assim: - matar a vaca para acabar com o carrapato.

Desde o Século XVII a alta cúpula do Papado de Roma estava preocupada com a nova sociedade, que surgia com muita força em quase todos os países da Europa. Denominada Franco-Maçonaria, não por evidências de desvio de comportamento de seus integrantes, mas principalmente pelo conteúdo do juramento que era prestado pelos homens que nela entravam.

Percebam que já era de conhecimento da Igreja, desde o final do Séc. XVII, o conteúdo do Juramento da nossa Cerimônia de Iniciação Maçônica.

O que lhes causava verdadeiro “pânico” era os iniciados se permitirem ter uma morte “horrível” e “cruel” se revelassem o seu segredo.... Que era o de ter o P.'. cortado e a cabeça A.'. e seu C.'. Ent.'. nas areias do mar, onde o F.'. e R.'. das ondas o mantivesse em P.'. Esquecimento.

Para eles, a permissão desse tipo de morte para guardar um segredo, dava margem a criarem um sem número de teorias conspiratórias contra o poder da Igreja no continente Europeu, e esse também foi o argumento utilizado pela Igreja para trazer como aliados Reis de alguns Países europeus. De forma bem objetiva não era nada mais que isso.

O conteúdo do nosso Juramento está escrito em vários documentos do Vaticano espalhados por toda a Europa, e estão guardados em Arquivos ou Bibliotecas Nacionais e no próprio Arquivo Secreto do Vaticano até hoje. >>>Só a título de curiosidade, o jornal londrino “The Flying Post” publicou nos dias 11, 12 e 13 de Abril de 1723, “a masons examination” (o exame de um maçom) e nessas edições, colocou todo o conteúdo do juramento prestado pelo Aprendiz no dia de sua Iniciação.

Quando o Vaticano, através dos assessores do Papa Clemente XII, resolveu tomar uma medida punitiva contra os Membros de algumas Lojas Maçónicas da Itália, repito, por causa de sua conhecida “universalidade” maçónica, resolveram estender isso para toda a Ordem existente na Europa católica. Acontece que a Maçonaria em sua Origem é eminentemente Cristã, na Inglaterra, Escócia e Irlanda não católica, mas cristã.

Quando os padres inquisidores, principalmente em Portugal e Espanha, foram atrás de seus membros para proibi-los de se reunirem sob pena da excomunhão, surpreenderam-se, pois todas as Lojas já não mais se reuniam, resolveram encerrar suas actividades assim que tomaram conhecimento da proibição pela Bula Papal.

Podemos perceber aqui que, como sabemos, os Maçons respeitaram o que juravam, assim como fazemos hoje, respeitar as Leis, os Poderes Constituídos e a soberania dos Reis e, naquela época, uma ordem Papal era Lei.

Ninguém fora da Ordem sabia que o juramento “terrível”, restringia-se apenas à divulgação dos toques, sinais e palavras pelos quais os Obreiros utilizavam para se reconhecer em qualquer lugar do mundo.

A Maçonaria naquela época era realmente de ajuda mútua, quando um Irmão precisava de ajuda, os outros se reuniam e o ajudavam para evitar que “profanos” tirassem proveito dessa ajuda mútua, juravam segredo quanto aos sinais, toques e palavras... Comportamento este herdado das antigas guildas de pedreiros livres.

Bem resumidamente, o incomodo que o Barão Stosch causava no Clero com seus discursos revolucionários, associada a essa falta de entendimento da diferença do juramento, mais o medo da força que a Ordem vinha adquirindo por causa do nível intelectual de seus membros e da “febre’ que acometeu a alta sociedade europeia em participar da Ordem, foram as principais causas para a Edição da Bula.

Esses fatos resumidamente colocados acima, são ingredientes mais do que suficientes para compreendermos o que aconteceu depois...

É da natureza humana criar monstros onde não existem, o desconhecimento causa perturbação, que geram as suposições e as teorias conspiratórias, que acabam tornando-se problemas reais... Daí à acção é apenas um pequeno passo....

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sábado, 25 de julho de 2009

Conto iniciático-Branca de Neve


"Uma vez, no auge do inverno, quando flocos de neve caem como plumas das nuvens, uma rainha estava sentada à janela de seu palácio, costurando as camisas de seu marido. Nisto, levantou os olhos, espetou um dedo e caíram gotas de sangue na neve. E vendo o vermelho tão bonito sobre o branco, a rainha pensou:-- Queria ter uma filha tão alva quanto a neve, tão vermelha como este sangue e tão negra como o ébano desta janela. Pouco tempo depois lhe nasceu uma filha que era branca como a neve, vermelha como o sangue e com uns cabelos negros como ébano. Por isso lhe puseram o nome de Branca de Neve. Mas, quando ela nasceu, a mãe morreu..." (1)
Logo de saída a história de Branca de Neve nos indica q o ponto de vista a ser tomado para entendê-la, mais profundamente, é o iniciático. Chama atenção que o personagem central, Branca de Neve, sintetize em si as três cores que simbolizam, no Hermetismo (2), as três etapas da prática espiritual estabelecida por aquela doutrina: o negro, o branco e o vermelho que correspondem, respectivamente, ao nigredo, albedo e rubedo dos alquimistas. Além disso, os sete anões, que trabalham numa mina buscando ouro, são uma clara alusão a outro aspecto do simbolismo alquímico, que nos informa ser a meta do alquimista a transformação dos metais impuros em ouro.
Não é também por acaso que a história se divide claramente em três partes. Na primeira, Branca de Neve vive no castelo comandado pela rainha má desde o nascimento até quando foge do caçador pela floresta; na segunda, vive na casa dos sete anões até se engasgar com a maçã envenenada; na terceira, vive no castelo do príncipe unida com ele, "felizes para sempre". É evidente aqui a aplicação do simbolismo do número três aos graus do conhecimento e, por extensão, às três fases da realização na via espiritual.
A essência e o obcjetivo da via espiritual iniciática é a união com Deus. Essa união só é possível porque ser homem é sê-lo à imagem e semelhança de Deus. O mito de Adão e Eva nos ensina que depois da queda, este aspecto essencial do humano tornou-se ineficiente. Por isso, toda e qualquer tentativa de reintegração da forma humana no seu Arquétipo infinito e divino, (a volta ao paraíso), só é possível se antes for regenerada à pureza do estado original humano. Tomado em sua significação espiritual, a transmutação do chumbo em ouro é nada mais nada menos do que a reintegração da natureza humana na sua nobreza original. (3)
De modo análogo ao relato do Gênesis, o conto nos informa que no princípio viviam em harmonia complementar um par de opostos, o Rei e a Rainha-Mãe boa. Com a morte da Rainha-Mãe e após o nascimento de Branca de Neve instaura-se um desequilíbrio, uma espécie de afastamento da unidade, que é representado pela chegada da rainha má. Assim, depois da morte da mãe, Branca de Neve perde sua dignidade de princesa no castelo do pai e se torna uma serva da madrasta má. Na linguagem da história, isso corresponde a uma queda similar àquela descrita pelo Gênesis no mito de Adão e Eva. Agora, filha de um viuvo, Branca de Neve, apesar de ter a marca das três cores, que a qualifica como um ser especial, cai numa função subalterna dentro do mundo profano, marcado pela dualidade, pela dispersão, pelas paixões e dominado pela rainha má. O conto nos mostra que é necessário reunir em si o disperso, reintegrar-se em retiro além da floresta e nas montanhas, para depois se unir ao Espírito, que aqui é sem dúvida figurado pelo Príncipe.
A rainha madrasta descobre que Branca de Neve é a mais bela quando esta última faz sete anos. A rainha má é obcecada com a comparação quantitativa do aspecto estético e, portanto, apenas sensorial da realidade. Ela é incapaz de perceber qualquer beleza interior. A unidade do belo, do bem e da verdade que todas as tradições religiosas e filosóficas proclamam da maneira mais veemente inexiste na rainha má, por causa de uma concentração exagerada da inteligência dela no aspecto mais externo da realidade material.

No íntimo do ser humano, o bem é bonito e o belo é verdadeiro (4). Significativamente, e por compensação, a rainha má manda um caçador matar Branca de Neve e trazer-lhe, exatamente, o coração para que ela o coma. O coração, que no simbolismo astrológico é representado pelo Sol e no alquímico pelo ouro, é considerado, nas mais diversas tradições, a morada do espírito, o centro (anatômico e simbólico) do ser onde habita o divino. No entanto, o coração que a rainha come (ou que ela pode comer) é o de um animal (5), que o caçador compadecido sacrifica no lugar de Branca de Neve. Consciente, daí por diante da enorme ameaça de destruição existente no mundo da rainha, e insatisfeita com ele, a alma qualificada foge correndo pela floresta. Sua vida acaba num mundo e se inicia em outro. Mas, essa iniciação não acontece antes que ela passe por uma provação que se revela, no fundo, uma purificação.

NOTAS:
1. Grimm, Os mais belos contos de fada de Grimm, tradução de Maria Lúcia Pessoa de Barros, Editora Vecchi, Rio de Janeiro, p.p. 27.
2. René Guénon, Aperçus sur l'Initiation, Éditions Traditionnelles, 1953, pp. 265.
3. A Ars Regia, outro nome da alquimia, faz parte dos chamados pequenos mistérios.
4. Vale lembrar aqui que uma das caraterísticas mais marcantes da época atual, assinalada tanto por sociólogos quanto por filósofos, é a perda da unidade dos valores estéticos, éticos-religiosos e cognitivos.
5. Uma corça ou um javali, dependendo da versão da história. É bom lembrar que o javali é um símbolo tradicional da casta sacerdotal e da autoridade espiritual, especialmente no ciclo de histórias da Távola Redonda.

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terça-feira, 19 de maio de 2009

Quando a carroça faz muito barulho é sinal que vai vazia

Sobre a reportagem do jornal semanário “Expresso” de 9/05/09

Muitos se interrogam sobre a maçonaria e seus mistérios, particularmente quando se está fora desse mundo… Secretismo, ou descrição, têm sido os rótulos que mais se invocam ao longo dos tempos, ficando sempre a pairar em nebuloso horizonte de interrogações uma aura de estranheza que se presta às mais díspares, e infundadas, interpretações…

Os mistérios da maçonaria, rituais, simbologia, são em boa parte uma forma de protecção, pois nem sempre os ideias maçónicos de liberdade, anti-dogmatismo, foram bem acolhidos ao longo dos tempos. Quando as antigas corporações de pedreiros/artesãos/construtores medievais, com suas estritas/restritas regras/regulamentos que protegiam os segredos do ofício, a coberto dos olhares indiscretos de “profanos”, se deixaram impregnar de uma elite pensante que procurava recolhimento de poderes totalitários, incluindo a inquisição, transmutaram-se de corporações operativas/práticas em estruturas especulativas dando origem, no iluminismo do séc. XXVIII à maçonaria…

Os pedreiros (maçons) não são mais agora os trabalhadores/cortadores das pedras para a construção dos templos mas sim livres pensadores, filósofos, que procuram alicerces para o levantamento do templo do conhecimento, portadores da luz/razão que edifica o homem com base nos universais princípios da igualdade, fraternidade e liberdade. Procurando superar as paixões mundanas, visando a purificação dos vícios na busca da virtude, procurando o recolhimento exigido pela profundidade da reflexão, a maçonaria teve desde as suas origens, então, um sentido de superior descrição próprio de quem busca valores mais elevados, acima da turba…

Os tempos não alteraram este sentido das coisas, apenas acentuam, na conturbada vivência da actualidade, a estranheza que a maçonaria parece causar ao preferir o discreto silêncio contra a ebulição exacerbada do ruído das massas. Por isso mesmo faz ainda mais sentido, na protecção de uma certa tradição, que a maçonaria não se desvele/revele como show de “Big Brother”, mostrando que na inconstância dos tempos a modernidade passa pelo respeito e/ou assunção do passado.

Resulta sempre algo bizarramente estranho quando auto-intitulados maçons se dispõem a desvendar “segredos”/mistérios, que nada têm como tal, da arte real (práticas maçónicas). Talvez não sejam verdadeiramente maçons… Ou talvez as suas “lojas” o sejam no sentido literal do termo, não lugares de estudo mas sim bazares de produtos esotéricos de personagens ridiculamente vestidas como talhantes, ou sopeiras, como mostram as fotos da última reportagem do Expresso… Aos incautos que se acautelem… Maçonaria é coisa séria… O hábito não faz o monge, mesmo que o traje seja pago a peso de ouro…

Numa época em que tudo se compre e se vende também há quem comercialize maçonaria fabricando maçons como quem fabrica “fast food”… Mas isto não é mais do que simples ruído de quem leva uma carroça cheia de coisa nenhuma… A maçonaria prima pelo substantivo silêncio, vive no recato de uma vida interior, em comunhão simples com quem se reconhece também como maçom, tendo como dever superior intervir no mundo como os melhores, de entre os melhores, para uma sociedade mais justa e perfeita.

Pobre trabalho jornalístico, inexacto, vendeu gato por lebre… Perderam os leitores…


segunda-feira, 4 de maio de 2009

A HISTÓRIA E A LENDA DE PRINCE HALL

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A maçonaria Prince Hall, ou seja a maçonaria dos negros dos EEUU

Deve-se destacar, na figura de Prince Hall, a parte real, mas menos romântica, resgatada pela moderna pesquisa historiográfica e a lenda, devida, na maioria das vezes, a Grimshaw e que vem sendo alimentada pelo povo maçónico afro-americano. A moderna historiografia estima que Prince Hall nasceu em 1735 em lugar desconhecido. Alguns especulam que teria nascido em Barbados nas Índias Ocidentais, outros que teria sido na África enquanto uma minoria chega a afirmar que o seu local de nascimento seria os Estados Unidos. Documentos analisados mostram que teria exercido várias profissões, tais como: trabalhador braçal, artesão de roupa de couro e fornecedor de alimentos. Outros documentos apresentam-no como líder e eleitor numa pequena comunidade negra em Boston.

A versão tradicional, muito aceita mas de pouca ajuda para a pesquisa científica, afirma que Prince Hall nasceu em Bridgetown, Barbados, nas Índias Ocidentais em 1748, filho de Thomas Hall, um inglês, mercador de couro que teria como esposa uma mulher negra livre, de descendência francesa. Teria vindo para a Nova Inglaterra durante a metade do século XVIII, estabelecendo-se em Boston, na colónia de Massachusetts, onde teria se tornado pastor da Igreja Metodista.

A versão tradicional ainda afirma que Prince Hall teria pertencido às fileiras do Exército Revolucionário e lutado na guerra de independência norte-americana. Um ponto controverso tem sido a versão de que Prince Hall tenha sido escravo ou não. Sherman afirma que “tive a fortuna de descobrir, na Biblioteca Athenaeum de Boston, uma cópia do documento de alforria, provando que Prince Hall tinha, originalmente, sido escravo na família de um negociante em roupa de couro de Boston chamado William Hall que o alforriou em 1770”.[3] Certos historiadores afro-americanos rejeitam alguns documentos que tentam demonstrar ter ele sido escravo da família Hall, como se, em sendo isto verdade, teria sido uma desonra para a figura de Prince Hall. Aqui, convém lembrar o dizer da carta de Mahatma Gandhi ao Ir.´. W.E.B. Dubois em 1929: “Não deixem os 12 milhões de negros [norte-americanos] se envergonharem pelo fato de serem descendentes de escravos. N

ão há desonra em ter sido escravo. Há desonra em ter sido proprietário de escravos”.[4] A maçonaria Prince Hall nunca negou iniciação a qualquer ex-escravo desde que preenchesse os requisitos mínimos exigidos pela Ordem. A Grande Loja Unida da Inglaterra, após a abolição da escravidão nas Índias Ocidentais pelo Parlamento Britânico em 1º de Setembro de 1847, mudou a expressão nascido livre para homem livre como requisito para ingresso nas suas lojas. A tradição afirma que Prince Hall teria sido iniciado em 6 de março de 1775. E aqui existe uma controvérsia entre a Loja nº 441 e a Loja Africana , sendo que ambas estariam na gênese da maçonaria Prince Hall, com as implicações do reconhecimento pela Grande Loja Unida da Inglaterra e o problema de haver duas Obediências em um mesmo território.

O historiador Jeremy Belknap afirma que “tendo uma vez mencionado esta pessoa (Prince Hall), tenho a informar que ele foi um grão-mestre de uma loja de maçons livres, composta na sua totalidade de pretos e conhecida pelo nome de ‘Loja Africana’. Isto teria acontecido em 1775, quando esta cidade foi tomada pelas tropas britânicas, possibilitando a montagem de uma loja e ainiciação de um bom número de negros. Após o estabelecimento da paz, enviou-se a Londres um pedido de reconhecimento, obtendo-se uma carta timbrada pelo duque de Cumberland e assinada pelo conde de Effingham”.[5]

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Regularidade e Irregularidade

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A Maçonaria Regular a partir do Sec. XVIII


Perguntarão alguns porquê começar o debate por esta época? A resposta é simples e evidente: - Porque antes, o problema não se punha!...

Só a partir de 24 de Junho de 1717, data considerada como oficial para a fundação da chamada "Loja de Londres",embrião da futura Grande Loja Unida de Inglaterra, e da -Maçonaria dita especulativa-, se começa oficialmente a tornar necessário, o reconhecimento oficial entre "irmãos" de "Obediências" diferentes. Até aí, e dentro do espírito da "Maçonaria operativa" bastava aos -maçons- reconhecerem-se entre si através de "palavras, toques e sinais".

O diálogo "- Sois maçon? " Os meus irmãos reconhecem-me como tal" ultrapassava, como acho deverá sempre ultrapassar, a "simples" fórmula ritualista.

Mas simultaneamente aqui começa a perversão do conceito de "regularidade" e a sua interligação com o de "reconhecimento". O Grande Oriente de França, potência hoje considerada irregular, adiante veremos porquê, em pleno Sec.XVIII, afirmava que " era regular todo o maçon que trabalhava numa Loja regular, sendo por sua vez regular toda e qualquer Loja que como tal fosse reconhecida pelo Grande Oriente de França". Mais concretamente " Uma Loja dotada de constituições atribuídas ou renovadas pelo Grande Oriente de França único a poder concedê-las"...(1773, Art.ºs II e III da Constituição).

É já manifesto o equívoco entre regularidade e reconhecimento por um lado e por outro a falta de distinção entre a regularidade formal e o "trabalhar regularmente". Trata-se de um equívoco histórico que tem sido alimentado, por razões distintas por várias Obediências, regulares e não regulares.

A verdade é que, quer queiramos quer não, tudo começa precisamente nas "Constituições ditas de Anderson" que marcam o início da transformação de uma Maçonaria profundamente teísta numa Maçonaria deísta. Por razões religiosas e sobretudo políticas.

Precisamente razões que as referidas Constituições impõem banir das discussões em Loja! Na realidade o que se pretendia era neutralizar a influência e supremacia dos Católicos stuartistas e é este tipo de comportamento que inicia outro grande equívoco histórico, o das condenações por parte da Igreja de Roma.

A partir daqui começa-se a impor o conceito "anglófilo" de que são regulares os maçons que pertencem a uma Loja regular a qual deve trabalhar à Glória de um "Ser Supremo", o Grande Arquitecto do Universo", Deus, Princípio Único e Criador de todas as coisa, obedecendo portanto ao expresso nas "Constituições de Anderson", e aqui pode-se perguntar quais delas, se as de 1723, a que se reporta o G.O.D.F., o qual se inicia tecnicamente em 1738 e nasce politicamente em 1773 ou se as de 1737 a que se reporta a Grande Loja Unida de Inglaterra que só é constituída em...1813 e, hoje em dia, se refere também aos "Landmarks" de... 1929...

Aparentemente levanta-se neste último raciocínio o problema de o Grande Oriente de França, figura de proa da dita "irregularidade" ser, afinal, historicamente anterior à Grande Loja Unida de Inglaterra, maioritariamente senhora da chamada "regularidade maçónica"... e daí ser discutível qual das duas -Potências- detém a legitimidade de atribuir regularidade e irregularidades.

Este ponto de vista, que é defendido pelo G.O.D.F. e "Potências" afins é, na minha opinião, não pertinente e pela simples razão de que carece da pré-definição do que se entende por regularidade tradicional. Com efeito o comportamento histórico do G.O.D.F. durante o Sec. XIX a partir de 1849, e mais concretamente em 1877 em que se torna facultativo a evocação ao G.A.D.U., o trabalhar com a presença do Livro Sagrado etc., é esse comportamento que se desvia do que estava anteriormente aceite e definido e que justifica o estigma de irregularidade que lhe é atribuído pela U.G.L.E.

Se por um lado, e no seguimento das ideias herdadas da Revolução Francesa, se poderá entender o alargamento do ideal maçónico a todo o tipo de homens, religiosos ou não, ou seja adeptos de qualquer religião, ateus e agnósticos, em nome da fraternidade e da tolerância, por outro entra-se na imposição do "laicismo" que vai acarretar por sua vez um "anti-clericalismo" com os excessos que se conhecem e que entram pelo próprio Sec. XX. .O que, precisamente, contraria esse mesmo ideal de tolerância!

As "Potências" que se alinham com o G.O.D.F. insistem em defender que a regularidade é um falso problema que apenas serve os interesses anglo-saxónicos e em particular os da Grande Loja Unida de Inglaterra. Este ponto de vista é, por sua vez, acompanhado frequentemente de afirmações mais ou menos veladas de "vassalagem" das Obediências regulares à U.G.L.E.

Por sua vez as "Potências" regulares acusam as "irregulares" de "vassalagem" ao Grande Oriente de França e encaram-nas, frequentemente, com uma certa suspeição eivada de fantasmas dos séculos passados.

Sabemos também que a "regularidade" não reconhece legitimidade nem às Lojas Femininas nem às Mistas, bem como, na maior parte dos casos, a certos ritos muito em voga na Maçonaria Sul-Americana. Não vamos aqui discutir estes pontos para não nos afastarmos do fundamental.

Trata-se de um diálogo de surdos que, apesar de tudo, vai sofrendo evoluções. Por um lado começam a existir casos em que a U.G.L.E. admite mais do que uma Loja Regular por país. Por outro o conceito de "Ser Supremo", o "Supreme Beeing", começa a ficar cada vez mais diluído. Por outro, Obediências existem que trabalhando regularmente não são reconhecidas como tal...Afinal em que ficamos?

Tentemos então destrinçar o problema separando e definindo conceitos o que talvez nos obrigue a reequaciona-lo por completo.

LOJAS REGULARES E TRABALHO REGULAR

Pressupondo que "trabalhar regularmente é trabalhar na presença do Livro da Lei Sagrada, respeitando as Constituições e Landmarks e , sobretudo, crendo e evocando o Grande Arquitecto do Universo, Deus, Criador de todas as coisas e acreditando na Imortalidade da alma," Lojas há que, apesar disso não são reconhecidas como regulares.

Gostaria de colocar três questões que não deverão ser entendidas no âmbito nacional mas universal.

O problema que se põe ao "Maçom Regular" será "devo considerar os maçons que delas fazem parte como meus "Irmãos""??

Por outro lado maçons de Lojas "irregulares", trabalhando "irregularmente" deverão ser considerados "maçons" ?

E, finalmente, que dizer de "Irmãos" que dentro de uma Obediência pressuposta Regular não trabalham regularmente?...Serão "Irmãos"?

São três perguntas propositadamente provocatórias que coloco à Vossa consideração.

Salvo melhor e douta opinião é meu entendimento que a resposta comum a todas estas questões é só uma: -" Sim, só e se eu os reconhecer como tal".

Porquê? Porque é a resposta que desloca para dentro de cada um de nós oincómodo da pergunta. Tudo depende, afinal, do que se absorveu do ideal maçónico e das razões que nos levam a integrar a Ordem.

É evidente que a Maçonaria moderna obriga irremediavelmente a regras de convivência e reconhecimentos diplomáticos mútuos que terão de ser respeitados. Com certeza. Mas neste ponto, como noutros, o que interessa, é saber do que se está a falar concretamente.

E sem nos esquecermos que ao integrar Instituições livremente, que possuem determinadas Constituições e Regulamentos, teremos fatalmente que cumpri-los sob pena de uma promiscuidade perversa conduzir a uma anarquia prejudicial!

E se rejeitamos esse cumprimento apenas nos resta abandonar de facto essas Instituições. O facto de não haver visitas rituais entre Irmãos de Obediências regulares e irregulares não os impede de nutrir entre si uma fraterna amizade e uma sã convivência baseada na tolerância e igualdade.

Não há dúvida de que a - Maçonaria - fatalmente evoluiu e evolui todos os dias e que a Maçonaria de hoje não é exactamente a mesma de a de há trezentos anos!

Adivinho que alguns de Vós já estarão a dizer para com os seus botões "Pronto, olha que maneira airosa de concluir e ficar bem com todos"... Desculpem se os vou surpreender e talvez mesmo chocar... Ainda não terminei.

É verdade que conclui as minhas considerações. Mas apenas na área do ideal maçónico e das linhas mestras da acção exotérica da Maçonaria no mundo. E aí aplica-se tudo o que foi dito antes. Porém, se entrarmos pelo lado esotérico e pela Tradição Iniciática as coisas complicam-se muitíssimo, a meu ver. Pessoalmente aí já se torna racionalmente incompreensível admitir a incursão de um ateu puro na esfera do sagrado, por exemplo. Aí teremos, no meu entender, de rever não o nosso conceito actual de Regularidade mas o nosso conceitoactual de... Maçonaria!

E se formos demasiado exigentes, e entendermos que a Maçonaria deTradição, que nos foi transmitida desde os mais remotos tempos até 1717 éque era a verdadeira Maçonaria, então seremos forçados a admitir que é perfeitamente estéril discutir a Regularidade quando aquilo que nalguns casos se pratica muito pouco tem a ver com o que nos deveria ter sido transmitido.

Poderemos então até perguntar se essa Maçonaria ainda existe e sob que forma, em que Rito ou Regime.

E aí eu responderia quase pela negativa, embora onde ela exista numa forma mais próxima da Maçonaria de Tradição seja precisamente dentro de alguma Maçonaria Regular.

De qualquer modo o mais importante será, independentemente do que recebemos e praticamos, conseguirmos um dia deixar este mundo melhor do que o encontrámos e poder responder à pergunta - "Eras Maçon?" - Pelas palavras "Todos os meus Irmãos me consideravam como tal"!

sábado, 21 de março de 2009

Ressurreição

Jornal Global Notícias 19-03-09

Na Tailândia, a fé tem um ritual que pode parecer insólito ao mundo ocidental. Os devotos alugam caixões para poderem rezar no seu interior e assim "livrarem-se do mal".

Na última quarta-feira, milhares de devotos cumpriram, mais uma vez, o ritual, em Nakhon Nayok, a 100 quilometros de Banguecoque, na Tailândia. Dentro do templo, Wat Prommanee, os crentes pagam 3.80 euros para participarem no "ritual da ressurreição", onde se deitam dentro dos caixões budistas, com flores, e esperam que os monges passem por eles com um manto branco, ao som de um cântico simbólico sobre a morte.

Após a bênção dos monges, os devotos levantam-se dos caixões, acreditando que estão purificados e renascidos com protecção na saúde, contra o mal e com os seus desejos realizado
s. (original)

terça-feira, 3 de março de 2009

Olho de Horus

Olho de Hórus ou 'Udyat' é um símbolo, proveniente do Egipto Antigo, que significa protecção e poder, relacionado à divindade Hórus. Era um dos mais poderosos e mais usados amuletos no Egipto em todas as épocas.

Segundo uma lenda, o olho esquerdo de Hórus simbolizava a Lua e o direito, o Sol. Durante a luta, o Deus Seth arrancou o olho esquerdo de Hórus, o qual foi substituído por este amuleto, que não lhe dava visão total, colocando então também uma serpente sobre sua cabeça. Depois da sua recuperação, Horus pôde organizar novos combates que o levaram à vitória decisiva sobre Seth. Era a união do olho humano com a vista do falcão, animal associado ao Deus Hórus. Era usado, em vida, para afugentar o mau-olhado e, após a morte, contra o infortúnio do Além.

O Olho de Hórus e a grande serpente Anaconda que foi encontrada no rio nilo proveniente da amazonia na grande divisão da pangea, cuja serpente simbolizavam poder real tanto que os faraós passaram a maquiar seus olhos como o Olho de Hórus e a usarem serpentes esculpidas na coroa. Os antigos acreditavam que este símbolo de indestrutibilidade poderia auxiliar no renascimento, em virtude de suas crenças sobre a alma. Este símbolo aparece no reverso do Grande selo dos Estados Unidos da América,sendo também um símbolo frequentemente usado e relacionado a Maçonaria.


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Amuleto com o olho de Hórus, no Museu do Louvre, França.

O Olho Direito de Hórus representa a informação concreta, factual, controlada pelo hemisfério cerebral esquerdo. Ele lida com as palavras, letras, e os números, e com coisas que são passíveis de descrever em termos de frases ou pensamentos completos. Ele aborda o universo de um modo masculino.

O Olho Esquerdo de Hórus representa a informação estética abstracta, controlada pelo hemisfério direito do cérebro. Lida com pensamentos e sentimentos e é responsável pela intuição. Ele aborda o universo de um modo feminino. Nós usamos o Olho Esquerdo, de orientação feminina, o lado direito do cérebro, para os sentimentos e a intuição.

Hoje em dia, o Olho de Horus adquiriu também outro significado e é usado para evitar o mal e espantar inveja (mau-olhado), mas continua com a ideia de trazer protecção, vigor e saúde.

(Original)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Simbolismo Iniciático

Fonte

A simbologia cósmica e iniciática das igrejas, especialmente as do estilo românico e gótico, vislumbra-se na sua planta, em forma de cruz; nos ornamentos significativos, como o Zodíaco; na abóbada estrelada, na proporção do edifício e até na orientação geográfica. A orientação foi um pormenor que interessou a quase todos os povos da antiguidade. O templo de Ámon-Rá estava orientado de maneira que o interior fosse iluminado pelo sol-posto do solstício de Verão. O Partenão, célebre templo de Atenas, foi orientado para as Plêiades, quando foi construído, em 506 antes de Cristo. A norma era a de orientar os templos para o astro associado à sua divindade tutelar1.

Em Roma, Marcos Vitrúvio, que viveu no século I antes de Cristo, aconselhava aos estudantes de arquitectura o estudo das disciplinas de geometria, matemática, música e astrologia2. E recomendava-lhes que reproduzissem nos templos as proporções do corpo humano. Seguia uma orientação contrária à dos egípcios e dos construtores do templo de Salomão (este-oeste)3, embora não menos clara: os fieis deviam permanecer de frente para as imagens e para o Oriente.

No Ocidente, a orientação dos templos decorre das normas das Constituições Apostólicas4, colecção de preceitos litúrgicos onde aparece, pela primeira vez, uma regra que ordena ao sacerdote para se voltar para Oriente quando consagra o pão e o vinho.

Desde então começaram a surgir igrejas orientadas com a fachada principal voltada para Oriente e a ábside, que contém o altar-mor, para Ocidente. Foi com esta orientação que se construiu a basílica de S. Pedro, em Roma. Era a mais apropriada para se cumprir aquele preceito litúrgico: o sacerdote, no altar, à entrada da ábside, celebrava de face para o povo, virado para Oriente. E, nesta posição, é que celebrava o rito da consagração.

Depois, no final do século V, introduziu-se em França uma importante alteração de que resultou uma inversão pura e simples desta regra. O bispo da cidade de Tours colocou o túmulo do seu antecessor na ábside (onde estava a cátedra). Este exemplo foi copiado em todo o lado e tornou-se uso predominante5.

Com esta modificação, o sacerdote, quando celebrava junto do altar, estava de costas para o povo, de face para Ocidente. Para que, durante o cânone da missa, ficasse voltado para Oriente, de acordo com a antiga liturgia, inverteu-se a orientação que se dava às igrejas. A fachada principal foi transferida para o lado ocidental; e a ábside (altar-mor) ficou do lado oriental. Esta regra tornou-se invariável na orientação das basílicas.

Estilo Românico

Durante a Idade Média, os elementos arquitectónicos, esculturais e outros, da basílica romana, receberam influências diversas, alguns de proveniência oriental, e acomodaram-se gradualmente aos preceitos da liturgia. Daqui resultou um estilo distinto de arquitectura, a que hoje chamamos românico, que teve origem em França.

A arte românica – como o nome indica, tem as suas raízes na arte dos Romanos – resultou da procura de um estilo verdadeiramente cristão. Evolucionou e alcançou o estado perfeito no século XII. Os laços que ligaram a Península Hispânica à França, durante os séculos da Reconquista, tornaram possível o aparecimento dum estilo românico característico. Entre nós, a arquitectura românica é pesada, com predomínio das linhas horizontais. As grandes catedrais – Braga, Porto, Lisboa, Évora – são bons exemplos da arte românica. A Sé-Velha de Coimbra é um exemplar completo dessa arquitectura. Foi construída conforme o cânone tradicional das igrejas românicas, embora se reconheçam traços da arquitectura militar, tornando a igreja um verdadeiro castelo. Quando foi construída, ainda estava na memória a invasão dos mouros, em 1117. Nesse tempo, o sacerdote também vestia a loriga, o elmo e as grevas de soldado.

Arquitectura Sagrada

A orientação do templo e, consequentemente, dos devotos e do sacerdote, fundamenta-se na necessidade de harmonizar o acto sagrado com o ritmo e o movimento dos corpos celestes. O ser vivo, diz Claude Bernard, faz parte de um conjunto universal, e a vida animal não é senão um fragmento da vida do universo6.

A luz e o Sol têm sido considerados como símbolos privilegiados da divindade. "Deus é Luz" (1 Jo., 1, 5-7) e, como a luz física é reconhecidamente a origem do conhecimento sensível e da vida física, o Sol converteu-se no símbolo visível da Fonte de todo o conhecimento e da vida do espírito7.

Foi por isso que o tabernáculo do deserto ficou orientado no sentido este-oeste (nascente-poente). A entrada fazia-se do lado nascente; passava-se pelo altar dos holocaustos, depois pelo mar de bronze, pela bacia das abluções dos sacerdotes e só depois se estava no santuário. O lugar mais sagrado ficava sempre do lado poente do recinto do tabernáculo, como determinavam as leis religiosas costumeiras da época8.

O simbolismo do Sol nascente está fundamentado no A.T.9. Os profetas, que anunciaram a vinda de Jesus, também se lhe referiram como "o Sol da justiça ou o Sol nascente". No N.T., o Oriente toma um carácter claramente escatológico10, que seria determinante, depois, na escolha dos motivos decorativos da abóbada da ábside.

Esta mística região da Luz do Mundo, o Sol da Justiça, tinha idênico significado noutros povos. No México, onde o culto do Sol deu origem a uma religião complexa, orava-se na direcção do sol-nascente. O mesmo faziam os brâmanes. Depois de um interminável e complicado ritual, adoravam o Sol, virados para o Este. O cristianismo, durante a Idade Média até ordenou o sepultamento de modo que a cabeça ficasse do lado Oeste, para que, na "ressurreição" o corpo ficasse virado para o Sol da manhã.

A antítese destes rituais encontra-se na religião dos Thugs, os estranguladores da Índia. Adoram a deusa Kali, a divindade da morte. O seu ritual faz-se na direcção contrária, virados para Oeste11. Max Heindel dá preciosa informação sobre o ambiente espiritual desta gente12.

Depois da reforma litúrgica, o Ordinário da missa com assistência de povo foi profundamente modificado. Diante do altar maior, colocou-se outro para que o sacerdote celebrasse voltado para os fieis. A intenção foi a de "facilitar a participação piedosa e activa dos fiéis"13 e de restaurar a antiga tradição. É certo que, nas basílicas românicas como a de S. Pedro, o sacerdote se voltava para a assistência. Mas, nessas igrejas, construídas segundo o costume romano, a entrada principal fica do lado nascente, e o altar do poente; por isso, o sacerdote celebra virado para o Oriente e de frente para o povo. Nas igrejas orientadas correctamente, é que o celebrante consagra de costas para a assistência para se virar também para Oriente.

Com a revisão do ordinário da missa, inverteu-se completamente tão importante simbolismo. Ao celebrar, o sacerdote passou a ficar de costas para o lado onde se ergue a luz do mundo.

Esta modificação na orientação das igrejas tem a seguinte origem: o esquecimento ou rejeição do simbolismo escatológico que encerra a orientação tradicional, baseada no movimento do Sol durante o dia, e a ignorância do que é o "verdadeiro templo".

O templo verdadeiro é aquele que se constrói sem ruído de martelo14. É uma construção energética, ou cúpula magnética, que envolve o edifício físico. É um fenómeno oculto, produzido pela cristalização da estrutura gestual e ritual que o sacerdote adopta na celebração litúrgica. Por estar em perfeita harmonia com a estrutura e a dinâmica do universo, torna-se manifestação natural do verbo criador. Essa construção é reforçada e mantida por todos os pensamentos, sentimentos, cânticos, etc., de todos os crentes que ali se reúnem com regularidade15.

Ora, a inversão de um símbolo, sacralizado pelo rito e pela experiência espiritual, é um acto cuja gravidade não é diminuída pelo desconhecimento das suas potencialidades ocultas, já que daí resulta, simplesmente, que o novo rito sirva de veículo a influências de natureza oposta à do símbolo original!

Hoje, há um número incontável de crentes torna-se cada vez mais indiferente. Os que "ficam", muitos vão vegetando, não sabem o que são nem o que devem fazer! As vocações vão rareando num ritmo assustador. Os dados estatísticos falam por si16. Nos escombros de todos esses problemas, no resíduo de todos esses conflitos e indiferenças, no beco sem saída das dificuldades e impasses, o que aflora, e verdadeiramente está em causa, é, em parte, o desconhecimento da verdadeira razão de ser de um ritual e das forças ocultas que, por meio dele, se conjugam para criar o "homem novo".

Quem tem ouvidos, que oiça!

Ariel

Notas

1. John Michell, A Little History of Astro-Archeology, Thames and Hudson, Londres, 1989, p. 7-28.
2. Platão considerava-as a fonte do conhecimento dos princípios éticos (do bem) e ontológicos (da natureza essencial), Cf. República, Guimarães Editores, Lisboa, 1962, Livro VII, pág. 33-52.
3. Patrick Négrier, El Templo y su Simbolismo, Kompás Ediciones, S.L., Madrid, s/ d, pág. 106.
4. Livro II, cap. 57, na edição de Pitra.
5. Assim, o presbyterium passou a ser o martyrium; o trono do bispo e os bancos dos presbíteros foram ocupar os lugares do transeptum.
6. Citado por Michel Gauquelin, A Cosmopsicologia, Círculo de Leitores, Lisboa, 1977, pág. 11.
7. Max Heindel, Conceito Rosacruz do Cosmo, 3ª ed., Lisboa, 1999, pág. 143; cf. Salmo 36(35),10.
8. Max Heindel, Iniciação Antiga e Moderna, cap. I, Lisboa, 1999.
9. Gén., 2, 8, Ez. 8, 16 e 63, 2-4.
10. Mt. 2, 1-2.9; 24, 27; 8, 11; Lc. 1, 78-79; 2 Ped. 1, 19; Ap. 7, 2, etc.
11. Edward Burnett Tylor, Cultura Primitiva, Editorial Ayuso, Madrid, s/d, vol. 2, pág. 458-461.
12. Max Heindel, O Véu do Destino, Lisboa, 1996, pág. 44.
13. Sinopse dos Documentos Conciliares – Vaticano II, Braga, 1968, Constituição "Sacrosanctum Concilium" sobre a Liturgia, nºs 49 e 50.
14. Max Heindel, Maçonaria e Catolicismo, Lisboa,1997, pág, 119, Cf. 1 Rs. 6, 7.
15. Max Heindel, O Véu do Destino, Lisboa, 1998, pág. 119.
16. Carmen Ferreira, Fuga de Crentes à Fé Cristã tem Aumentado, in Jornal de Notícias, 10 de Março de 1999, pág. 13.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Maçon não mete cunha

Jornal de Notícias

Ex-grão mestre da maçonaria diz que esta já esteve "inundada de oportunistas". Mas garante que se trata de "uma associação de homens honrados", a que a democracia tem retirado poder

2008-09-27

NELSON MORAIS

A maçonaria perdeu influência política, os magistrados-maçons não fazem fretes a "irmãos", nem as relações maçónicas propiciam cunhas, tráfico de influências ou negociatas. São ideias defendidas, em Coimbra, pelo maçon António Arnaut. O anterior grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) intervinha numa tertúlia, comemorativa do 90º aniversário do Tribunal da Relação de Coimbra, sobre "A influência da maçonaria no sistema jurídico português".

António Arnaut assumiu que a organização secreta "inspirou ou participou em todas as grandes reformas, sociais e políticas, dos últimos 250 anos". "Deixou uma marca impressiva na história do nosso sistema jurídico", defendeu, exemplificando, apenas, com leis e códigos anteriores a 1975. O ex-grão mestre do GOL ainda confessou que "a Constituição actual tem muito espírito maçónico", porque os membros eleitos para a Assembleia Constituinte, "muitos pelo PS e outros pelo PSD, eram praticamente todos maçons". Porém, nada disse sobre a influência da maçonaria nas reformas dos últimos 32 anos. "Hoje, felizmente, a maçonaria tem menos influência, porque num regime democrático estabilizado não se torna tão necessária a sua intervenção", disse, antes de assumir que a organização "continua a ter um papel relevante".

À margem da prelecção, o JN perguntou se houve influência da maçonaria na feitura da última reforma penal, que é criticada por alguns sectores por impor prazos aos inquéritos que podem inviabilizar a investigação da grande criminalidade económica. "Eu suponho que não deve ter havido, porque a maçonaria não está para se meter em minudências", respondeu Arnaut, não obstante o chefe do grupo de missão que gizou a reforma ter sido Rui Pereira, o maçon, ministro e juiz que foi apanhado em escutas telefónicas do processo Portucale a falar da maçonaria (outra inovação da reforma penal é a proibição de a imprensa publicar escutas que já não estão sob segredo de justiça).

Ao contrário do que sugerem escutas do Portucale que apanharam outro maçon, acusado de tráfico de influências, "não é verdade" que a maçonaria seja terreno fértil para os seus membros meterem cunhas ou combinarem negócios, frisou Arnaut. Apesar de reconhecer que "também há pessoas que vão para a maçonaria por interesses" alheios aos princípios da organização e que esta, noutros tempos, "esteve inundada de oportunistas", asseverou que, genericamente, "a maçonaria é uma associação de homens honrados".

De resto, o advogado de Coimbra, militante do PS que é visto como "pai" do Sistema Nacional de Saúde, contrariou a ideia de que os maçons que são juízes e magistrados do Ministério Público possam ser permeáveis a pedidos de "irmãos". "Não se pode pedir nada a um juiz, que é uma ofensa (...). O facto de um magistrado pertencer à maçonaria não afecta a sua independência", garantiu, depois de ter informado a plateia, de umas escassas três dezenas de pessoas, que, em Inglaterra, os magistrados são "obrigados a declarar se são maçons".

domingo, 18 de janeiro de 2009

Barack Obama, Sublime Príncipe do Real Segredo, Grau 32 do Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA), Prince Hall

Segundo fontes não oficiais, o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, é um Sublime Príncipe do Real Segredo, Grau 32 do Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA), de uma Obediência pertencente à Maçonaria Prince Hall”.

Prince Hall é o primeiro alojamento maçónico dos EUA, sendo o nome vindo de seu fundador e Mestre, o qual era o mais famoso indivíduo na área de Boston durante a Revolução Americana e virada do Século XIX.

Prince Hall era um escravo na área de couro em Boston, e pertencia a William Hall no final dos anos 1740 e ganhou a liberdade em 9 de abril de 1770, como um prêmio (reconhecimento), após 21 anos de serviço.
PrinceHall e outros 14 negros da área de Boston se aproximaram de um alojamento Britânico de Freemasons (Maçons Livres), relacionado ao 38º Regimento em Boston.

Hall e os outros negros iniciaram (sendo Processo de Iniciação), no alojamento em 6 de março de 1775.
O Regimento foi embora da área em seguida, e o Sargento John Batt, que estava no comando da Iniciação, escreveu uma permissão limitada em 17 de março, autorizando o grupo a ter certos privilégios maçons, bem como permissão para se encontrarem como Loja.

Em 3 de julho de 1775. o grupo formou o “African Lodge Nº 1″ (Loja Africana Nº1), a primeira Loja aceita de maçons negros e livres do mundo e Hall foi feito seu Master (Venerável Mestre).

O Grand Master (Grão Mestre) da América do Norte, John Rowe, concedeu à Loja a segunda permissão para continuar suas actividades.

No entanto, a Maçonaria Negra permaneceu separada da Maçonaria Branca nos Estados Unidos,apesar dos princípios de fraternidade. Hall expandiu sua organização a outras cidades, mas como ele estava limitado a população negra, as novas lojas que surgiam eram chamadas de “Lojas Negras”.

Em 24 de junho de 1797, uma segunda loja negra foi criada em Providence, Rhode Island. Um ano depois, a terceira foi iniciada na Philadelphia, com Absalom Jones sendo o Master.
Prince Hall morreu em Boston em 4 de dezembro de 1807.
Actos fúnebres, de acordo com os rituais maçónicos, foram realizados em sua casa, em Lendell’s Lane, uma semana depois. Ele foi enterrado na Rua 59 Mattews Cemetery, em Boston, no final de março de 1808.

Com um ano de sua morte, os seguidores de Hall trocaram o nome da Loja e deram o nome de seu líder.
Essa sociedade secreta continuou a crescer nos Estados Unidos, mas continua separada da Maçonaria Branca até os dias actuais.

Hoje, Prince Hall é uma fraternidade maçônica com seus prédios devidamente identificados, seus membros se identificam com anéis e pins. Um dos membros mais famosos e também um Prince Hall Mason de 32º, se tornou um candidato a Presidência dos Estados Unidos em 2008. Seu nome é Barack Hussein Obama!

Relação dos presidentes dos Estados Unidos que foram ou são Maçons:
1 - George Washington (Pres. 1789-1797) (MM 1753)
2 - James Monroe (Pres. 1817-1825) (MM 1776)
3 - Andrew Jackson (Pres. 1829-1837) (MM 1800)
4 - James K. Polk (Pres. 1845-1849) (MM 1820)
5 - James Buchanan (Pres. 1857-1861) (MM 1817)
6 - Andrew Johnson (Pres. 1865-1869) (MM 1851)
7 - James A. Garfield (Pres. 1881) (MM 1864)
8 - William McKinley (Pres. 1897-1901) (MM 1865)
9 - Theodore Roosevelt (Pres. 1901-1909) (MM 1901)
10 - William H. Taft (Pres. 1909-1913) (MM 1901)
11 - Warren G. Harding (Pres. 1921-1923) (MM 1920)
12 - Franklin Delano Roosevelt (Pres. 1933-1945) (MM 1911)
13 - Harry S. Truman (Pres. 1945-1953) (MM 1909)
14 - Gerald R. Ford (Pres. 1974-1977) (MM 1951)
15 - Barack Hussein Obama II (Pres. 2008-2012)